17 de dezembro de 2010

Maze(m)bra.

Depois do ocorrido com o Inter diante do Mazembe resolvi esperar mais uns dias para digerir essa derrota e não me precipitar com o resultado do jogo da Inter de Milão, vai que dá zebra de novo...



Mas que esporte apaixonante é o futebol! Nem mesmo o mais otimista dos gremistas sonhou com a hecatombe protagonizada pelo Colorado, nem ao menos a final?!



Nunca um time sul-americano chegou ao mundial de clubes tão favorito quanto o Inter. Por tudo que o cercava: time entrosado, de pegada, ofensivo (apesar de Celso Roth), boas opções no banco de reservas e tudo isso sem falar que o principal adversário (teoricamente a Internazionale) já não é o mesmo do último ano. Com a saída de José Mourinho para o Real Madrid, a Inter acusou o golpe. Seu sucessor Rafa Benitez não conseguiu dar continuidade ao trabalho deixado por Mourinho e tampouco dar cara nova ao time, além disso, p time nero-azurro sofre com as contusões de seus principais jogadores. Por essas e outras o Colorado era favorito ao título.



Mas o que teria acontecido ao Inter? Para variar não assisti ao jogo, mas os lances que acompanhei –leia-se os melhores momentos- vi um time afoito, desperdiçando chance atrás de chance, intranqüilo nas conclusões.

O miolo de defesa andava vacilante e isso para um franco atirador, como a equipe africana, era prato cheio.

Na véspera do jogo D’Alessandro declarou não ter dormido como deveria tamanha a ansiedade. Na hora pensei: Que bobagem!
De fato o craque hermano parece não ter feito drama. O Inter sentiu a pressão do favoritismo, mais ainda a obrigação de vencer o Mazembe e de forma convincente. O Colorado merecia melhor sorte, não que o resultado tenha sido injusto, muito pelo contrário os congoleses foram briosos e jogaram com eficiência, mas para eles uma terceira colocação já seria carnaval (ou qualquer ritual tribal que o valha) em Kinshasa, capital congolesa e para nós expectadores uma final entre os xarás Inters seria sensacional!



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Os gols do jogo merecem um registro a parte, o primeiro gol foi bonito, mas contou com a ajuda da hesitante dupla de zaga colorada que olhou o lance se desenhando e não esboçou atitude.

Antes de analisar o segundo gol eu abro um parêntese para uma entrevista que assisti do Adílio meia direita do flamengo nas décadas de 70 e 80, não o vi jogar, mas quem viu garante que era fera! Numa entrevista que assiste dele junto com Júlio Cesar Uri Geller ao Jô Soares ele contou que cada jogador daquele super time do Fla tinha uma jogada ou um drible peculiar que eles batizavam com um nome. O Zico tinha o “corta cana”, o Uri Geller era “procurando tu”, o dele se chamava “me deixa ver seu número” que consistia num semi-elástico (quem é boleiro sabe do que estou falando) que fazia o adversário girar procurando a bola e conseqüentemente mostrando as costas e seu número. Pois é, o segundo gol do Mazembe o atacante Kaluyituka mesclou a pedalada de Robinho com o “me deixa ver seu número” de Adílio em cima de ninguém menos que o grande Guiñazu. Uma pintura! Abusado esse neguinho, não?

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Ao contrário do que certamente a Rede Globo pregará, vou torcer pelo famigerado Mazembe na final e não para o time de milionários brasileiros. Dá-lhe Mazembe! Sonhar não custa nada...
 

14 de dezembro de 2010

Do inferno ao céu em 365 dias. A epopéia tricolor na visão de um vascaíno.

Somente o futebol para nos presentear com situações como a vivida pelo Flu.
Há um ano o time das Laranjeiras era dado por matemáticos como morto, desclassificado, sem volta...
Mas o futebol - Ah o futebol... - não é ciência exata, não tem lógica.O que mais se aproxima de ser lógico no futebol é o clássico aforismo que diz:
 "quem não faz leva".

Voltando ao início da caminhada, quero registrar aqui alguns fatos que merecem ser citados.

Trabalho, mas podem chamar de milagre...
Cuca foi fundamental para esse gran finale, méritos para esse treinador que mostrou para aquele grupo que o céu era o limite, recuperando jogadores até então muito questionados e que deram a volta por cima. Bacana ver que jogadores e torcida reconhecem a valiosa contribuição dada por Cuca, que comandou com maestria o resgate do brio tricolor, a meu ver até Muricy deveria agradecer ao colega.

Grande sacada!
Depois do insucesso no campeonato  carioca a diretoria tricolor se viu obrigada a cortar na própria carne para tentar salvar o ano e demitiu Cuca, jogadores e torcida não ficaram lá muito satisfeitos. Naquele momento a gratidão falava mais alto. Aliás, pensando bem, acho que a idéia inicial era ter Muricy desde o inicio do ano, mas como demitir Cuca depois dos excelentes serviços prestados? Analisando friamente, talvez a diretoria do Flu tenha ficado até feliz com o inicio de ano que tiveram, assim puderam colocar em prática um plano mais ambicioso: contratar o único tricampeão brasileiro dos pontos corridos.
Era necessário, um comandante como Muricy faz a diferença nos altos e baixos da competição, sabe trabalhar sob pressão e fazer seu time jogar. A troca de comando no Flu e a negativa a CBF foram fatores determinantes para o sucesso, os tricolores deram sinal de força ao contratar e reafirmar a contratação do treinador pouco simpático e avesso a bajulação da imprensa.

Receita do bolo.
Diferentemente do Fla-09 que teve basicamente Pet motivado, Adriano endiabrado (dentro e fora de campo), o Flu foi constituído de um comandante experiente, um grupo bastante equilibrado e algo inusitado: um argentino humilde (!), quase um monge. Conca jogou o fino da bola, mas o grupo colaborou para isso, Tartá, Rodriguinho, L. Euzébio, Marquinhos, Emerson sempre que acionados pelo dono do time (não o dono da bola) davam suas contribuições tabelando, abrindo espaço, ou arrematando para as redes. Os medalhões pouco utilizados até tentaram ajudar, mas suas atuações mais convincentes eram sempre fora de campo, Deco fazendo dupla de ataque com Carlos Alberto nas noites de samba carioca e Fred questinando publicamente o diagnóstico que o médico do Flu havia declarado, no fim das contas o médico me pareceu ter razão, Fred se arratou nas partidas em que jogou (execeto contra o São Paulo onde o gol marcado escondeu o que de fato acontecia).
Jogo a jogo Ricardo Berna foi calando seus críticos, é certo que nunca foi unanimidade, mas será que Castilho ou Fernando Henrique evitariam o gol do bugre voando nos pés de Reinaldo na pequena área? Berna evitou o que seria um novo "Maracanazo" em pleno Engenhão!Ou melhor, um Engenhanãonazo! Ele foi o goleiro certo no momento certo.

Yes, nós temos mala branca!
Devo admitir que acompanhei poucos jogos desse campeonato, saudosista que sou, vi meu interesse diminuir ano após ano de pontos corridos. Decisão de campeonato com time rebaixado é brincadeira!
Bem aventurados sejam os senhores das malas brancas - popularmente conhecidos como Malaquias - que apesar de terem sido condenados por grande parte da hipócrita imprensa, fizeram seu trabalho e deram ares de competitividade e emoção a última rodada do brasileirão. Sem as atuações desses "anjos" o campeonato corria sério risco de entrar em colapso, os questionamentos com relação às próximas edições seriam muitos. Imagine o Flu ser campeão com três jogos fracos - isso para não dizer entregues - como foi contra  Palmeiras e São Paulo. A mala branca é benéfica e salutar!

Título incontestável!
E justiça seja feita. se o Flamengo se autoproclama hexacampeão, o Fluminense sem sombra de dúvidas é legitimamente Tricampeão brasileiro!

Alfinetadas.
Se no ano passado presenciamos toda aquela selvageria por parte da torcida do Flamengo, esse ano a brutalidade deu lugar ao amor, muitos homens nas ruas se beijando livremente demonstrando que o mundo é tricolor... Galera é brincadeirinha...rs






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O sujo reclamando do mal lavado...
Modismo é uma coisa perigosa, um bom exemplo é a febre de stand up comedy que assola o Brasil. Qualquer barzinho fuleiro hoje em dia tem um camarada que sobe num palcozinho -muitas das vezes improvisados com caixas de cerveja e uma lona jogada por cima-  e tenta fazer a galera rir. Às vezes o cara é até engraçado, o problema é quando o postulante a comediante é apenas engraçadinho e pensar ser o Chico Anysio... Pois foi esse o papel que se prestou  o presidente do Corinthians na entrega do prêmio da CBF para os melhores do ano.
Andrés Sanchez envergonhou ainda mais a torcida corinthiana com o papelão que protagonizou. Atitude pequena de quem não sabe perder. 

Devo admitir que concordo que o Fluminense voltou pela janela em 2000 quando venceu a série C em 1999 e pulou direto para a série A no ano seguinte,  mas afinal quem é o Corinthians para falar em moralidade se o título de 2005 foi comprado com aquela anulação de vários jogos prejudicando o Internacional descaradamente?