Mas que esporte apaixonante é o futebol! Nem mesmo o mais otimista dos gremistas sonhou com a hecatombe protagonizada pelo Colorado, nem ao menos a final?!
Nunca um time sul-americano chegou ao mundial de clubes tão favorito quanto o Inter. Por tudo que o cercava: time entrosado, de pegada, ofensivo (apesar de Celso Roth), boas opções no banco de reservas e tudo isso sem falar que o principal adversário (teoricamente a Internazionale) já não é o mesmo do último ano. Com a saída de José Mourinho para o Real Madrid, a Inter acusou o golpe. Seu sucessor Rafa Benitez não conseguiu dar continuidade ao trabalho deixado por Mourinho e tampouco dar cara nova ao time, além disso, p time nero-azurro sofre com as contusões de seus principais jogadores. Por essas e outras o Colorado era favorito ao título.
Mas o que teria acontecido ao Inter? Para variar não assisti ao jogo, mas os lances que acompanhei –leia-se os melhores momentos- vi um time afoito, desperdiçando chance atrás de chance, intranqüilo nas conclusões.
O miolo de defesa andava vacilante e isso para um franco atirador, como a equipe africana, era prato cheio.
Na véspera do jogo D’Alessandro declarou não ter dormido como deveria tamanha a ansiedade. Na hora pensei: Que bobagem!
De fato o craque hermano parece não ter feito drama. O Inter sentiu a pressão do favoritismo, mais ainda a obrigação de vencer o Mazembe e de forma convincente. O Colorado merecia melhor sorte, não que o resultado tenha sido injusto, muito pelo contrário os congoleses foram briosos e jogaram com eficiência, mas para eles uma terceira colocação já seria carnaval (ou qualquer ritual tribal que o valha) em Kinshasa, capital congolesa e para nós expectadores uma final entre os xarás Inters seria sensacional!
***
Os gols do jogo merecem um registro a parte, o primeiro gol foi bonito, mas contou com a ajuda da hesitante dupla de zaga colorada que olhou o lance se desenhando e não esboçou atitude.
Antes de analisar o segundo gol eu abro um parêntese para uma entrevista que assisti do Adílio meia direita do flamengo nas décadas de 70 e 80, não o vi jogar, mas quem viu garante que era fera! Numa entrevista que assiste dele junto com Júlio Cesar Uri Geller ao Jô Soares ele contou que cada jogador daquele super time do Fla tinha uma jogada ou um drible peculiar que eles batizavam com um nome. O Zico tinha o “corta cana”, o Uri Geller era “procurando tu”, o dele se chamava “me deixa ver seu número” que consistia num semi-elástico (quem é boleiro sabe do que estou falando) que fazia o adversário girar procurando a bola e conseqüentemente mostrando as costas e seu número. Pois é, o segundo gol do Mazembe o atacante Kaluyituka mesclou a pedalada de Robinho com o “me deixa ver seu número” de Adílio em cima de ninguém menos que o grande Guiñazu. Uma pintura! Abusado esse neguinho, não?
***
Ao contrário do que certamente a Rede Globo pregará, vou torcer pelo famigerado Mazembe na final e não para o time de milionários brasileiros. Dá-lhe Mazembe! Sonhar não custa nada...