27 de maio de 2010

Perder para ganhar.

Chegou ao fim na manhã de hoje o controverso, porém vitorioso, casamento entre Flamengo e Adriano.

Entre tapas e beijos, traições e reconciliações não há como negar que o saldo dessa relação foi positivo. Afinal 17 anos sem triunfar na principal competição nacional - é dose para leão!

Com Adriano o Fla largou o “se” e “foi”! Há alguns anos ouço amigos rubro-negros lamentarem aquele ou outro resultado desastroso que mandou por terra as pretensões do Fla num determinado ano.

“Putz! Se não tivéssemos empatado com o São Caetano no Maraca e se não perdêssemos para o Vitória seríamos os campeões. Snif... Snif... Snif...”

Com Adriano no comando de ataque isso acabou, e de fato o Flamengo foi (!) campeão.
A maioria das vezes em que precisaram de sua colaboração imperial, ele se fez presente. Com Adriano o time da Gávea consolidou sua presença no hall dos “top Five” do Brasil.

De uma forma ou de outra, ambos ganharam e perderam alguma coisa. O Fla perdeu com os barracos e confusões protagonizados por Adriano, muitas vezes em véspera de jogos importantes. Já Adriano perdeu muita grana com essa transferência para o exterior às avessas, embora tivesse um dos maiores salários do Brasil, nem de longe os valores eram próximos do que abrira mão na Europa. Ninguém tem direito de reclamar do outro.



Seu empresário Gilmar Rinaldi, diga-se de passagem, um puta empresário, confirmou que o destino do Imperador é mesmo o Roma.

Aliás, gostaria de abrir um parêntese para fazer um breve comentário sobre Rinaldi, ex-goleiro do Flamengo, campeão mundial com a seleção brasileira em 94 -foi teceiro reserva- vendo que não havia a menor possibilidade de jogar uma partida sequer naquela copa, o que fez Rinaldi? Sacou uma filmadora da bolsa e registrou todos os bastidores daquela copa, da concentração até  as preleções que antecediam os jogos. Jogada de mestre!  Os registros deram filme, documentário, matéria do Fantástico...
Ao contrário da maioria dos boleiros, Gilmar fugia do  dircurso ensaiado: 
"Pra minha mãe, pro meu pai e pra você"

Apesar de tudo, Adriano despede-se com a sensação de dever cumprido.

Vá com Deus, Imperador... Graças à Deus!


Ôôôôôôô Imperador vazou, Imperador vazou, Imperador vazou ôôôôôô...

17 de maio de 2010

O Caldeirão virou Chaleira!

Pitaqueiro convidado: Renato Barros

Desde o golpe político eu não pisava em São Januário. Ontem, após um amigo vir de São Paulo e insistir que fosse com ele, decidi voltar.


Lembro-me da primeira vez que entrei lá, ainda criança.

Logo no portão principal o zagueiro Quiñones me pedia licença em meio ao tulmulto. Era uma noite chuvosa e o adversário era o fraco Friburguense, pouco importava, eu estava ali emocionado e doido para ver meu time de coração.

Bola em jogo e a chuva não caía apenas do Céu, o Vasco também fazia uma chuva de gols, 7X1 se não me falha a memória.

No final da partida um funcionário do Vasco levou-me junto a meu irmão gêmeo à porta do vestiário, onde pegamos autógrafos de Bismark, Bebeto, Sorato, Vivinho, Zé do Carmo e dos zagueiros Célio e Marco Aurélio. Fui dormir feliz da vida!

A partir daí freqüentei várias vezes nosso estádio. Vi Edmundo fazer os adversários e o estádio tremerem. Vi a final épica contra o Barcelona de Guaiaquil, um verdadeiro Caldeirão! Vi jogos contra a molambada em que gritávamos ê ê êê, São Januário não têm pra onde correr!

Os adversários nos respeitavam lá dentro. O clima era hostil a eles. Ali eles sabiam que a batalha era à vera, se sentiam dentro do Coliseu prestes a serem decaptados ao abrir dos portões e aos gritos imponentes de fundo.

Voltei ontem com o mesmo espírito. Fiquei estarrecido com o que vi.

Deixei meu carro nas redondezas e fui à busca de ingressos. No começo vi um estádio bonito, pintadinho e resolvi dar a volta por completo para apreciar a beleza, foi o bastante. Quase me ludibriaram. Metade do estádio está um lixo.

Paguei os 30 reais à BWA e aguardei a abertura dos portões. Fui um dos primeiros a entrar.

Como estava com fome, fui logo procurando o Habibs e para minha decepção, não o encontrei. Resolvi ir logo para as arquibancadas, pois estava ansioso para ver o estádio por dentro, esperava aquele clima de batalha! Apavorei-me.

O placar eletrônico está com defeito.

Os títulos estampados abaixo das cabinas de rádio e televisão foram apagados.

Um som pra lá de alto abafava a torcida. Música eletrônica, Americana, tudo a ver com um clube de raízes portuguesas. Incessantes 2 horas de música. O clima de batalha deu lugar a clima de festa, de bagunça.

O incrível é que os neovascaínos batiam o pezinho, mexiam a cabeça devagar para um lado e para o outro. Alguns arriscavam uma mãozinha na cabeça e uma mexidinha na cintura a lá Michael Jackson.

Outro detalhe que percebi, foi que as janelas de vidro escuros da famosa sala da presidência estavam fechadas. Costumava avistar um senhor de barriga saliente lá.

Ainda antes da partida, 4 pessoas cruzaram o gramado engravatados. Pareciam seguranças. Perguntei-me, para quê isso? A palavra democracia foi tão bajulada antes da eleição, não fazia sentido.

Começa o jogo e o Vasco parte para cima, correndo como corria na segunda divisão. O problema é que o futebol continuou de segunda divisão. Resultado, 0X0 pífio.

O Caldeirão virou Chaleira!



A torcida, como sempre, tratou de arranjar um culpado. No fundo ela sabia a causa disso tudo, no fundo ela sabia que têm grande parcela de contribuição nisso tudo, mas o ser humano não gosta de admitir que errou. Sobrou para o técnico Gaúcho.

Coitado, como fazer omelete sem ovos?

Volto para casa e fico sabendo que a diretoria morria de rir durante a partida junto ao empresário da Náu vascaína. Será que tiravam sarro com minha cara?

Definitivamente o Vasco não é mais o mesmo! O Caldeirão virou Chaleira e a Chaleira está esfriando.

Onde vamos parar?

12 de maio de 2010

O homem é o lobo do próprio homem.

Diria Galvão Bueno: "Começa hoje a Copa do Mundo"


Essa mesma frase ele sempre usa no 1º e último jogos das eliminatórias, no sorteio dos grupos da copa, na divulgação da lista dos convocados e por fim no jogo de abertura da copa. Sujeitinho chato esse Galvão, não somos idiotas, sabemos que cada um desses eventos tem sua relevância não precisa ficar enfeitando o pavão.


Pois bem, dito isso entremos no assunto do dia, a tal lista. Quem me conhece sabe que não morro de amores por Dunga, mas devo admitir que sob seu comando o selecionado Canarinho tem um belíssimo aproveitamento, mesmo sem dar espetáculo. Dos jogadores relacionados para a disputa da copa - assim como todo torcedor brasileiro - torço o nariz para alguns nomes, não gosto de Doni, Felipe Melo, Julio Baptista e Kleberson. Contudo essa insatisfação pré-copa já é tradição aqui no Brasil, não houve um técnico sequer que tenha passado incólume por esse sentimento coletivo.


Dunga é calejado, vivido, experiente em matéria de grupo e copa do mundo, esteve em 3 copas do mundo (90,94 e 98) presenciou muita coisa nessas experiências. Se tem uma coisa que ele aprendeu direitinho foi a entender que mais do que um bom time é preciso ter um grupo coeso, que se respeite, se goste e que esteja fechado com o comandante e seu objetivo. Ele mesmo disse isso na coletiva de ontem (11/05), quando questionado sobre a presença de Doni, foi taxativo:

"Como posso deixar de fora um cara que brigou com seu clube (Roma) para jogar comigo pela seleção?"

Ou seja, a convocação de Doni é muito mais por afinidade, compromisso, confiança do que por bola. Doni mostrou que estava com ele independente das sanções que sofreria em seu clube e isso selou seu passaporte para a África do Sul.


A seleção de hoje foi formatada nos moldes do time campeão do mundo de 1994, muitos cabeças de área, um craque no meio (na época Raí) e um ataque eficiente, o problema é que em 94 o cérebro do time não funcionou, Raí estava fora de sintonia e, para sorte de Parreira, a dupla de ataque Romário e Bebeto fazia chover. Mas e na atual situação, se Kaká não for na copa o craque que é, será que Robinho e Luis Fabiano darão conta do recado? Dunga aposta que sim, por isso deixou de fora R. Gaúcho e Ganso - devo registrar aqui que concordo com essa decisão - ele ainda há de queimar a lingua de muita gente.




E Adriano, hein? Nunca vi nenhum jogador jogar no lixo uma oportunidade como essa?

Um dos últimos remanescentes da Seleção do Iê-Iê-Iê de 2006, não seu deu conta de que sua batata assava em fogo brando no caldeirão comandado por Dunga e Jorginho. Caldeirão esse que a dupla já havia cozido R. Gaúcho.
 Roberto Carlos e Ronaldo nem precisaram passar pela cozinha, foram esquecidos sem cerimônias e ninguém sentiu falta deles, bom para Dunga que não precisou ficar dando maiores explicações.




Mas uma coisa me chama a atenção no caso do Imperador, será possível que em apenas 27minutos Grafite tenha colaborado mais do que Adriano em três anos e meio? Vinte e sete minutos foi o tempo total que Grafite jogou no amistoso contra a Irlanda em Março desse ano, mais do que isso, Grafite não havia sido sequer lembrado nos últimos 42 meses e aí de repente vira substituto imediato de Adriano. Não tiro a razão de Dunga ao cortar Adriano, o Imperador fez por onde. Mas se puxarmos pela memória antes de Grafite vieram Afonso Alves então goleador do campeonato holandês, Hulk do Porto, Rafael Sóbis ex-Inter... O que me faz pensar que ele nunca quis levar Adriano para a copa, contudo, ele precisava de um nome. Todos os outros atacantes com as características de Adriano não justificariam substituí-lo, mas a boa atuação de Grafite nos 27minutos que jogou contra a Irlanda associada à má fase de Adriano no Fla era tudo o que Dunga precisava.



Dunga deu a Ricardo Teixeira o que havia sido encomendado, excomungou os "bad boys" (Ronaldo, Roberto Carlos, R. Gaúcho e Adriano), montou uma seleção renovada e competitiva.
Alguém tem dúvidas que esse time vai dar samba?


PS. Neymar e Ganso, vocês ainda tem muito pela frente, nos vemos em 2014. Dunga mais uma vez tem razão.