Confesso que não me agrada essa história de demitir treinador toda vez que um time entra em crise. Os últimos anos nos deram mostras de que, inevitavelmente, quanto maior a permanência do comandante à frente de uma equipe, melhor é seu feedback. A relação tempo de casa/resultados expressivos é indiscutível, o trabalho aparece, a consistência é nítida. Isso sem falar que trabalhar sob pressão não é nada agradável, a tranqüilidade, a tão sonhada estabilidade de todo trabalhador brasileiro é algo impagável.
Contudo, creio que até pela fragilidade técnica dos times de menor investimento - incluem-se aí Olarias, Souzas, ASAs e similares- esperava-se mais do time treinado por W. Mancini. O futebol que o Vasco vem apresentando é desanimador. Não se percebe padrão tático, jogadas ensaiadas, jogadas de linha de fundo, bola parada, nada! O time vem jogando como um bando, os confusos jogadores confundem garra com agressividade.
Jogo após jogo o que se vê é um time correndo atrás de seu adversário e do placar adverso. Falta voz de comando dentro e fora de campo. A serenidade de outrora da saudosa gestão Dorival deu lugar ao destempero de Mancini que invade o campo ao fim do jogo com o falso pretexto de dar os cumprimentos ao trio de arbitragem. A nau cruzmaltina mais parece um navio pirata.Por favor, não voltemos aos tempos da truculência!
Os defensores de Mancini se apressarão em dizer que ainda é cedo, mas esse argumento é falho. No mesmo período do ano passado, com jogadores de menor expressão, tecnicamente mais fracos o Vasco tinha um padrão de jogo definido, jogava com e sem a bola e mesmo estando na Série B os adversários nos respeitavam. Três meses já se foram e o time não engrena, afinal o que nos falta? Teria Mancini sentido o peso da responsabilidade?
Tenho plena certeza de que o que ainda sustenta Mancini em seu cargo, por mais incrível que possa parecer, foi a evitável derrota para o Flamengo, melhor dizendo, a tal insubordinação cometida por Dodô naquele embate valeu a Mancini mais um voto de confiança visto que aquela derrota se deveu a um nome com número de camisa. Não fosse isso sua cabeça já teria sido encomendada e devidamente ceifada. E cá para nós, se é para demiti-lo que o faça agora, assim o trauma será menor e teremos perdido apenas o primeiro trimestre desse ano.
Nos arredores de São Januário, não se fala publicamente, mas é tão claro que também nem precisa ser dito, dá-se como certo que a permanência de Mancini está diretamente ligada a um triunfo Domingo diante da bem treinada equipe do Fluminense, mais um revés em clássicos e na partida diante do ASA de Arapiraca pela Copa do Brasil o Vasco estará sendo dirigido por um interino até o desembarque de um novo treinador.
É esperar para ver.