14 de dezembro de 2010

Do inferno ao céu em 365 dias. A epopéia tricolor na visão de um vascaíno.

Somente o futebol para nos presentear com situações como a vivida pelo Flu.
Há um ano o time das Laranjeiras era dado por matemáticos como morto, desclassificado, sem volta...
Mas o futebol - Ah o futebol... - não é ciência exata, não tem lógica.O que mais se aproxima de ser lógico no futebol é o clássico aforismo que diz:
 "quem não faz leva".

Voltando ao início da caminhada, quero registrar aqui alguns fatos que merecem ser citados.

Trabalho, mas podem chamar de milagre...
Cuca foi fundamental para esse gran finale, méritos para esse treinador que mostrou para aquele grupo que o céu era o limite, recuperando jogadores até então muito questionados e que deram a volta por cima. Bacana ver que jogadores e torcida reconhecem a valiosa contribuição dada por Cuca, que comandou com maestria o resgate do brio tricolor, a meu ver até Muricy deveria agradecer ao colega.

Grande sacada!
Depois do insucesso no campeonato  carioca a diretoria tricolor se viu obrigada a cortar na própria carne para tentar salvar o ano e demitiu Cuca, jogadores e torcida não ficaram lá muito satisfeitos. Naquele momento a gratidão falava mais alto. Aliás, pensando bem, acho que a idéia inicial era ter Muricy desde o inicio do ano, mas como demitir Cuca depois dos excelentes serviços prestados? Analisando friamente, talvez a diretoria do Flu tenha ficado até feliz com o inicio de ano que tiveram, assim puderam colocar em prática um plano mais ambicioso: contratar o único tricampeão brasileiro dos pontos corridos.
Era necessário, um comandante como Muricy faz a diferença nos altos e baixos da competição, sabe trabalhar sob pressão e fazer seu time jogar. A troca de comando no Flu e a negativa a CBF foram fatores determinantes para o sucesso, os tricolores deram sinal de força ao contratar e reafirmar a contratação do treinador pouco simpático e avesso a bajulação da imprensa.

Receita do bolo.
Diferentemente do Fla-09 que teve basicamente Pet motivado, Adriano endiabrado (dentro e fora de campo), o Flu foi constituído de um comandante experiente, um grupo bastante equilibrado e algo inusitado: um argentino humilde (!), quase um monge. Conca jogou o fino da bola, mas o grupo colaborou para isso, Tartá, Rodriguinho, L. Euzébio, Marquinhos, Emerson sempre que acionados pelo dono do time (não o dono da bola) davam suas contribuições tabelando, abrindo espaço, ou arrematando para as redes. Os medalhões pouco utilizados até tentaram ajudar, mas suas atuações mais convincentes eram sempre fora de campo, Deco fazendo dupla de ataque com Carlos Alberto nas noites de samba carioca e Fred questinando publicamente o diagnóstico que o médico do Flu havia declarado, no fim das contas o médico me pareceu ter razão, Fred se arratou nas partidas em que jogou (execeto contra o São Paulo onde o gol marcado escondeu o que de fato acontecia).
Jogo a jogo Ricardo Berna foi calando seus críticos, é certo que nunca foi unanimidade, mas será que Castilho ou Fernando Henrique evitariam o gol do bugre voando nos pés de Reinaldo na pequena área? Berna evitou o que seria um novo "Maracanazo" em pleno Engenhão!Ou melhor, um Engenhanãonazo! Ele foi o goleiro certo no momento certo.

Yes, nós temos mala branca!
Devo admitir que acompanhei poucos jogos desse campeonato, saudosista que sou, vi meu interesse diminuir ano após ano de pontos corridos. Decisão de campeonato com time rebaixado é brincadeira!
Bem aventurados sejam os senhores das malas brancas - popularmente conhecidos como Malaquias - que apesar de terem sido condenados por grande parte da hipócrita imprensa, fizeram seu trabalho e deram ares de competitividade e emoção a última rodada do brasileirão. Sem as atuações desses "anjos" o campeonato corria sério risco de entrar em colapso, os questionamentos com relação às próximas edições seriam muitos. Imagine o Flu ser campeão com três jogos fracos - isso para não dizer entregues - como foi contra  Palmeiras e São Paulo. A mala branca é benéfica e salutar!

Título incontestável!
E justiça seja feita. se o Flamengo se autoproclama hexacampeão, o Fluminense sem sombra de dúvidas é legitimamente Tricampeão brasileiro!

Alfinetadas.
Se no ano passado presenciamos toda aquela selvageria por parte da torcida do Flamengo, esse ano a brutalidade deu lugar ao amor, muitos homens nas ruas se beijando livremente demonstrando que o mundo é tricolor... Galera é brincadeirinha...rs






***
O sujo reclamando do mal lavado...
Modismo é uma coisa perigosa, um bom exemplo é a febre de stand up comedy que assola o Brasil. Qualquer barzinho fuleiro hoje em dia tem um camarada que sobe num palcozinho -muitas das vezes improvisados com caixas de cerveja e uma lona jogada por cima-  e tenta fazer a galera rir. Às vezes o cara é até engraçado, o problema é quando o postulante a comediante é apenas engraçadinho e pensar ser o Chico Anysio... Pois foi esse o papel que se prestou  o presidente do Corinthians na entrega do prêmio da CBF para os melhores do ano.
Andrés Sanchez envergonhou ainda mais a torcida corinthiana com o papelão que protagonizou. Atitude pequena de quem não sabe perder. 

Devo admitir que concordo que o Fluminense voltou pela janela em 2000 quando venceu a série C em 1999 e pulou direto para a série A no ano seguinte,  mas afinal quem é o Corinthians para falar em moralidade se o título de 2005 foi comprado com aquela anulação de vários jogos prejudicando o Internacional descaradamente?

5 comentários:

  1. É bom ter seus pitacos de volta, prezado escritor.

    E com uma gama tão extensa de assuntos para comentar, vamos por partes:

    "Trabalho, mas podem chamar de milagre"
    Realmente Muricy não teve maiores complicações para dar bom padrão de jogo ao time das laranjeiras. O que fez a diferença no fim parece que foi mesmo a síndrome do pé frio de Cuca. Foi ser treinador em minas, onde a temperatura é bem mais baixa. Tá explicado por que o Cruzeiro não levou o caneco...

    "Grande sacada"
    A permanência de Muricy no Flu foi realmente crucial. E o profissionalismo deste treinador ao recusar o convite feito pela CBF foi exemplar. No fim a justiça foi feita: Muricy foi campeão brasileiro e ainda levou para casa mais um troféu de melhor treinador.

    "Receita do bolo"
    Concordo com você quando diz que o elenco do Flu-10 é mais equilibrado que o do Fla-09. Mas a meu ver o rubro-negro não se resumia apenas a Pet motivado e Adriano endiabrado.
    A começar pelo goleiro Bruno. Provavelmente, se não fosse tão desequilibrado, teria beliscado uma convocação para a seleção brasileira. Era um paredão.
    Qual time no Brasil teve melhor dupla de laterais em 2009? Leo Moura e Juan nunca foram craques, mas deram conta do recado na maioria da vezes.
    A zaga, capitaneada por Angelin, não comprometeu.
    E na proteção do miolo tinham dois pitbulls: Toró e Willians. Era mordida no calcanhar e fungada no cangote!
    Assim tudo ficava mais fácil para Pet e Adriano.

    "O sujo reclamando do mal lavado"
    Realmente Andrés Sanchez perdeu a oportunidade de ficar quieto. Apesar do seu clube ter terminado em terceiro lugar, o presidente corinthiano tentou aparecer mais do que o time campeão. Sob a chuva de vaias recebida por Sanchez após a cutucada no tricolor, ainda houve tempo para a ótima tirada cômica do ex-cantor e mestre de cerimônias nas horas vagas Evandro Mesquita "tava indo tão bem..."

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  2. Grande Dayvid, escritor é força de expressão, né? No máximo escrivinhador!rs
    Concordo com a análise do time do Fla-09, mas uma coisa você não se deu conta: Essa base Bruno, L. Moura, Juan, Angelim e cia é antiga e nunca ganhou nada além de cariocões. O diferencial, a força exponencial era Adriano e Petkovic. Sem essa dupla o Fla seria quase campeão como vinha sendo nos últimos anos.

    É bom tê-lo de volta, sinta-se em casa.
    Pitacar é preciso!

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  3. Bem meu caro amigo Val dez,
    Expressarei aqui em algumas palavras sobre o título brasileiro do Fluminense em 2010, tentarei ao Maximo ser um bom “escrevinhador”.
    Começarei em um passado não tão distante assim, lembraria de 2008. Daquele time aguerrido, daquela derrota de pé, ao qual eu estava presente, e pude testemunhar 100.000 pessoas em absoluto silencio, dava pra ouvir até a vibração dos jogadores da LDU. Como se fosse aquelas saudosas peladas que jogávamos as sextas-feiras aqui na OI.
    Quanta tristeza e sofrimento tanto para a torcida, como para seus jogadores, pude “ver” nos olhos de Thiago Silva a grande decepção pela perda do título. Realmente, creio que aquela derrota não passou despercebida aos olhos alheios.
    Ps.: Ali estava sendo formado o caráter dos “Guerreiros”.
    Graças aquele que se auto intitula “Rei do Rio” quase amargamos uma segunda divisão. Poucos se lembram do trabalho de Renê Simões, mas eu me lembro Dele sim, com saudosa alegria.
    Passamos para 2009 perdemos a maior parte daquele time “vencedor” de 2008.
    Arouca, Thiago Neves, Thiago Silva, Washington, Luiz Alberto dentre outros que me falham a memória... Começo de campeonato apático, sem brio, sem sangue nos olhos, e já estávamos lá na grande zona de rebaixamento. Lembro que estava eu no Maracanã e junto ao meu primo, fazíamos as contas para o Flu não cair. Tínhamos que ganhar mais partidas em um curto espaço de tempo, mais que ganhamos em todo o campeonato brasileiro.
    Parecia um filme de terror.
    Pois bem, lá estava eu de novo, acreditando no Fluminense, ao receber os jogadores no aero porto, depois da vexatória derrota para a LDU no equador, poxa 5x1 depois de começar o jogo ganhando, como pode ?
    Pois é, o sobrenatural de Almeida nos tirou daquela situação pífia, para sermos “campeões na fuga contra o rebaixamento”. Feito tal, que acredito quase impossível que algum time brasileiro repita. Isso me faz lembrar o saudoso Ricardo Perrone ao dizer: Eles não estavam “torcendo” pelo gol milagroso, mas sim “esperando” por ele. E posse dizer com uma certeza ímpar, esperávamos sim, pelo impossível.
    Desculpe, mas não posso me esquecer das palavras do Maior Tricolor que já viveu Nelson Rodrigues.
    “Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida Tricolor leva um imperecível estandarte de paixão.”
    Pois bem, chegamos em 2010. Contratações mirabolantes, jogadores “galácticos”, sinceramente não fazia muita fé neles não. Mas tinha uma enorme esperança dentro do meu peito, que a hora havia enfim chegado. Não pelos jogadores, mas pelo momento. O melhor treinador, uma patrocinadora afim de realmente fazer diferente, investir, seria a palavra correta, o espírito guerreiro. A torcida, com suas frases e canções motivacionais, ou seja, o clima era perfeito. Antes da copa, só alegria, o orgulho Tricolor estava de volta, a paixão mais viva do que nunca, enfim o título estava sendo moldado.
    Período pos copa, voltamos em marcha lenta, confesso que duvidei do trabalho do Muricy, um time apático, entregue, uma retranca incomum. Pensava: pô, será que o Muricy não veio ao maracá hoje ? Ele não esta vendo este jogo ? A retranca, misturada a apatia reinava solta, derrotas contra o ultimo da tabela, meu Deus, o que mais tenho que passar para provar que minha alma é tricolor ? Como é sofrível ser Tricolor...
    Pois bem, um tropeço do Corinthians e dependíamos só da gente, ali eu tive medo. Sabia que não tinha mais como voltar, era só a gente. Estava no último jogo, Fluminense e Guarani ufa, enfim a última batalha, que sofrimento, cheguei a pensar “ a bola não quer entrar”. Cruzamento do marquinhos, Washington resvala na bola e dana-se, gol do flamenguista.
    Pqp quase não acreditei, o gol enfim saiu, o título era nosso. Há ! O grito saiu, enfim pude tirar o grito que estava engasgado na minha garganta desde 2008.
    Merecidamente somos campeões ! ! !

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  4. Purinho, não por acaso você tem feito as "donzelas" virarem suas casacas...kkk
    Que narrativa! Fiquei impressionado! Muito boa!
    É bom recebê-lo, apareça mais vezes.

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  5. Olá caros amigos, é um prazer enorme poder compartilhar minha opinião com vc's depois de um ano maravilhoso para o nosso tricolor. Não começou tão maravilhoso, afinal perdemos, ou melhor, deixamos de ganhar o carioca. Mas o que é o carioca? Torneiozinho de bosta!!! Passada a impressão de que sería apenas mais um ano, afinal como de costume boas contratações vieram, temos como exêmplo Julio Cezar, eleito o melhor lateral esquerdo do país naquele momento e que não vingou, finalmente a diretoria percebeu a oportunidade e contratou o MELHOR Tecnico do país, isso mesmo, Tecnico com T maiúsculo, e não deixou que escorresse pelos dedos essa grande oportunidade. Pronto! Estava ganho o Campeonato Brasileiro. Não conheço um tricolor, ou qualquer torcedor desse país que discorde do ponto forte do Flu nesse campeonato, Muricy Ramalho. Homem inteligente, que com o ar do RJ, aprendeu a lidar com a mídia e conquistou a todos. Não podería terminar o ano diferente, conhecido agora como o Rei dos pontos corridos. Bons jogadores vieram como Sheik, Deco, porém não foi possível contar com eles a maior parte do tempo, e mais uma vez a diferença foi feita pelo Rei que estava no banco de reservas.
    Queridos, não pretendo me estender demais no comentário mas não posso partir sem mencionar o craque do campeonato. Argentino de alma brasileira e coração carioca. CONCA o nome da fera!!!
    Estou me candidatando a presidente da maior torcida organizada do Fluminense e minha primeira contribuição será a música de criei para homenagear nosso pequeno Grande jogador.
    ÉÉÉ ÉÉÉ ÉÉÉ, CONCA É MELHOR QUE PELÉ!!!!

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