26 de abril de 2010

Pedra, papel ou tesoura.

Poucas horas após tirar o Botafogo da fila e sagrar-se campeão carioca pela sétima vez, o treinador Joel Santana já se via diante de mais uma decisão importante: resolver por qual dos clubes cariocas iniciaria o campeonato brasileiro.





Pedra: Time coeso.

Embora navegue em águas tranqüilas, com moral em alta com a torcida e prestigiado pela diretoria alvinegra, Joel tem a exata noção de quão limitado é o plantel do Glorioso. Ninguém melhor do que ele sabe das inúmeras deficiências que o atual campeão estadual tem em seu grupo. Contudo, Joel sabe até onde pode ir com essa rapaziada e assim como todo torcedor botafoguense, entende que figurar entre os primeiros colocados do brasileirão só é (se tanto) possível até a quarta rodada. Dali para frente um honroso 10º lugar já ficaria de bom tamanho. No Fogão o trabalho já está encaminhado, o grupo, embora não esteja fechado a contratações, está em suas mãos, o clima em General Severiano é de Lua de mel. Todos se respeitam, se gostam, é quase amor mesmo. Então para que sair?


Papel: Dois times num só.

Na teoria – no papel – o time do Fluminense é muito bom. Goleiro e zaga razoáveis, bons laterais, bom meio campo e um ataque jovem e mortal. Mas e daí? Qual é o problema do Flu? Como explicar a demissão de Cuca depois da sensacional reação desse mesmo time no final de 2009. A FLUnimed paga muito bem, o ambiente é bom, os jogadores são disciplinados (dentro de campo, é claro), têm potencial. Mas será que valeria a pena sair do Botafogo, com tudo o que já disse acima, para assumir um time que demite um cara que deveria ter seu busto esculpido em bronze no hall das Laranjeiras? Que segurança seu Natalino (sobrenome de Joel Santana) teria num clube dividido politicamente, que volta e meia tem ameaça de impeachment de seu presidente. Ah! Para quem não sabe o presidente do Flu é o Roberto Horcardes, embora muitas vezes Celso Barros presidente da Unimed-Rio é quem aparenta ser o mandatário do tricolor. Não confundam!
Ir para o Fluminense na atual situação seria uma tremenda barca furada!


Tesoura: Time de costureiras.

Sem ofensas, por favor, o titulo acima é mero trocadilho com o panorama dos últimos 15anos no futebol do Flamengo. Não sou um profundo entendedor do time da Gávea, mas na medida do possível e de meu interesse, posso dizer que da contratação de Romário em 1995 para cá a lambança, muito embora coroada com alguns títulos, deixou de ser exclusividade entre a cartolagem do Fla e passou a ser generalizada. Todos os times do Flamengo nessa última década e meia sempre foram rachados, todos sem exceção. O precursor de toda guerra de egos não poderia ser outro senão o Baixinho que no auge do de seu prestígio com a cartolagem e a torcida, pediu a cabeça de ninguém menos que Wanderley Luxemburgo. Tivemos ainda o racha entre Edílson e Petkovic, Renato Abreu e o resto do grupo que na época o apelidou com a alcunha de “Pelé", tamanha a sua marra. E agora, Adriano/Love/Bruno versus o isolado e marrento Pet (de novo ele!).

Então para que Joel se aventuraria num time que demite seu treinador apenas 4meses após uma conquista que não vinha havia 17anos! Mesmo tendo classificado o time para a 2ºfase da Taça Libertadores? É bem verdade que por obra e (des)graça de seus concorrentes, mas está lá.


Convenhamos, a decisão de Joel não era das mais difíceis. Mas então para que tanto mistério? Calma, eu tenho uma explicação. O desejo de ir para outro clube não era de Joel, mas sim de seu empresário Léo Rabelo (ex-dirigente do Fla), aliás, até poderia ser também dele (Joel), mas essa vontade era muito maior de Leo Rabelo. Afinal, empresário ganha dinheiro negociando seus agenciados, seja jogador ou treinador. Joel parado no Botafogo não rende “nada”. É como mercado financeiro, dinheiro parado numa determinada aplicação é prejuízo. O negócio é movimentação.




O campeonato brasileiro é bastante longo, certamente Joel assim como qualquer técnico não resistirá a 3 ou 4 reveses. Lá pela 16º rodada quem sabe ele não assuma outro grande carioca? O negócio é não perder as esperanças. Calma que o Joel é patrimônio dos clubes do Rio. Tem para todo mundo.


2 comentários:

  1. O Joel nunca treinou o América. Quando ele for campeão pelo Mequinha, aí sim direi: "Eis Natalino I (e único), o Rei do Rio."

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  2. Meu caro RAC, não duvide da capacidade desse homem de dominar uma cidade. Estaduais é com ele mesmo.
    Se eu fosse o Berlusconi levaria o Joel para ser campeão do estadual de Milão!rs

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